quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Irmã Morte


Altíssimo, onipotente, bom Senhor
Teus são o louvor, a glória, a honra
E toda a benção.
Só a ti, Altíssimo, são devidos;
E homem algum é digno
De te mencionar
Louvado sejas, meu Senhor
Com todas as tuas criaturas,
Especialmente o senhor irmão Sol,
Que clareia o dia
E com sua luz nos alumia.
E ele é belo e radiante
Com grande esplendor:
De ti, Altíssimo, é a imagem.
Louvado sejas, meu Senhor,
Pela irmã Lua e as Estrelas,
Que no céu formaste as claras
E preciosas e belas....
Louvado sejas, meu Senhor,
Pelos que perdoam por teu amor,
E suportam enfermidades e tribulações.
Bem-aventurados os que as sustentam em paz,
Que por Ti, Altíssimo, serão coroados.
Louvado sejas, meu Senhor,
Por nossa irmã a Morte corporal,
Da qual homem algum pode escapar...
São Francisco de Assis


Esse Texto é parte do cântico das criaturas de São Francisco de Assis, e acima de tudo demonstra a sensibilidade desse grande santo da igreja em enxergar nos mais singelos detalhes do nosso dia-a- dia a presença de Deus.
Na maioria das vezes nos enganamos em buscar Deus nas mais variadas formas e imagens, criamos ídolos, esculpimos belíssima imagens, atribuímos a entidades, mas nenhuma delas revela a presença de Deus ou as suas feições atemporais. Nos limitamos num cartesianismo onde até o nosso pensar é sobre Deus é limitado.
Quando aprendemos a valorizar a vida, o outro e tudo o que temos, é como estar num escuro e aproximar-se da luz, parece que tudo começa a se clarear e aí então Deus não se mostra pra nós mas se revela...
Revela-se na natureza, no mar, no vento, na chuva, no sol, na lua, nas mais belíssimas coisas, e assim a nossa fé cresce, saímos daquela fé infantilizada que nos fecha, e nos abrimos a um fé adulta, nos tornamos adultos.
Ainda assim, nos falta algo mais, é fácil enxergar Deus nas coisas bonitas, mesmo sobre a luz da revelação, só que mais bonito e vivificadora é nossa fé, quando conseguimos com os "óculos" da fé enxergar a presença de Deus, no irmão que chora, no irmão que sofre, nas doenças, em fim na morte...
Com essa limitação de enxergar Deus nos desfavorecidos e nos pontos baixos da vida é que reafirmamos também uma antiga frase d o próprio Francisco quando ele diz: " O Amor não Amado". AS vezes ao irmos de encontro aos problemas dos outros, encontramos respostas aos nossos caprichos que livro algum poderia dar, e vemos ainda assim o quão difícil é amar o Deus amor que se encontra nos marginalizados.
A morte se torna gritante!!! Como encontrar Deus no morrer???
E a resposta é se tudo, o céu a terra, o mar, os animais, as pessoas, eu você e tudo que há vida, foi feito por Deus, a morte então vem a ser uma etapa dela, talvez uma etapa de desenvolvimento que nos olhos não vêem, mas que só a nossa alma pode sentir. A cada dia que vivemos estamos mais perto da morte, e a pergunta é como esta o seu constante morrer??? Esta fazendo dele um calvário de lagrimas, ou processo de amadurecimento...
Para responder isso precisamos por os Óculos da fé!