domingo, 21 de agosto de 2011

Homens ou divinos?


"Lembre-se: o diabo parece chique, mas o inferno não tem qualquer glamour!
Porque, no final das contas, chique mesmo é Crer em Deus!
Investir em conhecimento pode nos tornar sábios... mas, Amor e Fé nos tornam humanos!" (Glória Kallil)

Pensando sobre as palavras muito bem difundidas de Glória Kallil a cerca do "conhecimento" me veio a calhar a seguinte ideia, será mesmo que a fé nos torna mais humanos, ou que nos diviniza? Um certo iconoplasta europeu uma vez disse : " a unica diferença entre nós e Deus é que nós nos esquecemos que somos divinos!" na mesma posição o próprio Jesus Cristo expõe que podemos realizar obras iguais ou até maiores que as que fez... desde que encontremos em nós a verdadeira essência ou lei natural que nos afirma diariamente : "faça o bem evite o mal". Viktor Frankl médico que durante a segunda guerra mundial juntamente com a família foi colocado em um campo de concentração de judeus, conseguiu observar o grande instinto caritativo entre os seres humanos que contrasta a seguinte afirmação feita acima, viu pessoas que com o pouco que tinham ainda se solidarizavam umas com as outras, sem ao menos pensar duas vezes, buscando logicamente a extinção do sofrimento e respondendo a uma lei natural que diante de atitudes como essa mostra a natureza delicada e perspicaz do ser humano, sempre caritativa. Sim modestamente sempre respondemos a extintos muito bem definidos entre nós, buscando a sobrevivência, o status e o poder, nos auto promovemos não só buscando uma auto divulgação, mas a necessidade de expor nossa carência pessoal e de ser reconhecidos pelos outros, socialmente, financeiramente, artisticamente...
É quando literalmente respondemos aos "diabos" não só advindos de um plano espiritual, mas também criados por nós, ao qual convivemos cotidianamente... como não dizer que o diabo não tenha glamour como afirma glória Kallil?? Pois notoriamente a primeira impressão ele parece extremamente convincente.
Incentivar a cultura, o pensamento, e a inteligencia, talvez não seja de todo o mal nos tornamos intelectuais, podemos cair no pecado do saber de mais, mas também podemos dizer como a própria palavra sabedoria diz, saborear e extrair do conhecimento experiencias básicas e profundas para gerar uma sabedoria que perpassa a matéria, mas que nos abre a porta da plenitude...
Com essas portas abertas a fé e o amor se tornam veículos de condução direta a divinização do homem, se porventura tais canais de graça apenas nos tornassem mais humanos, talvez nos tornaríamos mais vazios de nós mesmos, pois afinal é isso que muitas vezes a natureza humana nos proporciona, duvidas que nem sempre nos trazem respostas, e limitações por todos vistas, ao qual nos afastam de um ser divino...

quinta-feira, 31 de março de 2011

Qual é a imagem de Jesus que você tem apresentado?


Essa semana conversando com um amigo sobre a postura do missionário ao fazer uma visitação nas casas da sua região paroquial, questionamos as atitudes dos nossos missionários, visto que eles devem se confrontar com a seguinte realidade "Qual é a imagem de Jesus que tenho apresentado?"
Será que tenho apresentado um Jesus miraculoso, um quase Mister M, um Jesus que só enxergamos com a lógica milagreira, ou um Jesus caçador de recompensas??? Aquele ao qual só faz algo em pró de seu povo numa relação de troca, as famosas promessas??? Ou então um Jesus vingador, que vai pondo ao fio da espada todos os desobedientes, impondo-lhes castigos para mostrar quem é e como devem viver??

A passagem do livro de Zaqueu nos leva a Refletir ainda amais sobre isso:

"Jesus entrou em Jericó e ia atravessando a cidade. 2 Havia aí um homem muito rico chamado Zaqueu, chefe dos recebedores de impostos. 3 Ele procurava ver quem era Jesus, mas não o conseguia por causa da multidão, porque era de baixa estatura. 4 Ele correu adiande, subiu a um sicômoro para o ver, quando ele passasse por ali. 5 Chegando Jesus àquele lugar e levantando os olhos, viu-o e disse-lhe: Zaqueu, desce depressa, porque é preciso que eu fique hoje em tua casa. 6 Ele desceu a toda a pressa e recebeu-o alegremente. 7 Vendo isto, todos murmuravam e diziam: Ele vai hospedar-se em casa de um pecador... 8 Zaqueu, entretanto, de pé diante do Senhor, disse-lhe: Senhor, vou dar a metade dos meus bens aos pobres e, se tiver defraudado alguém, restituirei o quádruplo. 9 Disse-lhe Jesus: Hoje entrou a salvação nesta casa, porquanto também este é filho de Abraão. 10 Pois o Filho do Homem veio procurar e salvar o que estava perdido." ( Lc.19, 11-10)


Confrontando a vida de Zaqueu e o reflexo da atitude de Jesus para com ele pergunto:
Quantos assim como Zaqueu justamente pela vida que levam, pelo peso do dia a dia não se rebaixam diante da presença de Jesus e por isso mesmo não o conseguem enxergar???
Temos a mania de nos rebaixar diante de Deus e talvez achar que não somos dignos de recebe-lo em nossa vida e em nossa casa. Criamos então um abismo entre Nós e ELE...
O missionario deve ser aquele que pensa como Jesus, que não prioriza os seus, mas aqueles que estão perdidos, afastados, e talvez desorientados pela lógica do nosso sistema. Evangelizar é levar uma mensagem de boa nova, de justiça, fraternidade, paz, amor, solidariedade, e também transformação da realidade que nos circunda. Jesus ao entrar na casa de Zaqueu lhe restituiu a dignidade, e o próprio Zaqueu sente a necessidade e proliferar o bem que Jesus lhe Trouxe.
Jesus em nenhum momento vem lhe apresentar uma religião, apenas uma proposta de vida nova, e o faz com um simples gesto de ir a casa de um afastado...
E se fôssemos pessimistas??? E se disséssemos: "Á mas isso é perigoso de mais, confrontar a realidade? entrar na casa das pessoas? se tornar referencia, entrar na casa de um drogado, isso não é pra mim... Se não é pra você então pra quem é???
Confundimos evangelização com bater nas casas das pessoas com a bíblia em baixo dos braços, ler uma passagem e dizer a elas: " se convertam". Fazer missão é bem distante disso, porque a real intenção não é essa, até porque no século em que vivemos todos já ouviram falar de Jesus e sabem que ele é, o nosso objetivo é fazer com que cada um no seu jeito de vestir, andar, escutar musica, participar de uma festa, experimentem Jesus, e também seja canal de redenção no lugar e no mundo em que vivem.
Acredito que devemos apresentar um Jesus sorri-dente, Justo, amigo, solidário, companheiro e disposto a ajudar, um Jesus que não tenha medo de ser quem é, e que não gosta de viver trancado dentro de casa com medo de ser perseguido.
Os missionários as vezes esquecem que são chamados a também ser um novo Cristo, e fazer obras iguais ou até maiores que ELE fez.
Chega de subjetivismo na nossa igreja, chega da procura intensa por STATUS, chega de hipocrisia, não aguentamos mais tudo isso, é hora de fazer a diferença, e ver que a igreja Esta no mundo e para o Mundo, e que não é um universo paralelo, Ela precisa se fazer próxima e atualizada na contemporaneidade para criar meios de evangelização, A Igreja precisa voltar a por os Óculos da fé para conseguir esmiuçar e traduzir a missão de Jesus na sua vida.

segunda-feira, 28 de março de 2011

Qual a melhor religião?


Leonardo Boff traduz assim um diálogo com Dalai Lama:

No intervalo de uma mesa-redonda sobre religião e paz entre os povos, na qual ambos participávamos, eu, maliciosamente, mas também com interesse teológico, lhe perguntei em meu inglês capenga:


— Santidade, qual é a melhor religião? Esperava que ele dissesse: "É o budismo tibetano" ou "São as religiões orientais, muito mais antigas do que o cristianismo".


O Dalai Lama fez uma pequena pausa, deu um sorriso, me olhou bem nos olhos — o que me desconcertou um pouco, por que eu sabia da malícia contida na pergunta — e afirmou:


— A melhor religião é aquela que te faz melhor.


Para sair da perplexidade diante de tão sábia resposta, voltei a perguntar:


— O que me faz melhor?


— Aquilo que te faz mais compassivo (e aí senti a ressonância tibetana, budista, taoísta de sua resposta), aquilo que te faz mais sensível, mais desapegado, mais amoroso, mais humanitário, mais responsável... A religião que conseguir fazer isso de ti é a melhor religião...


Calei, maravilhado, e até os dias de hoje estou ruminando sua resposta sábia e irrefutável.


Inquestionável a resposta de Dalai Lama, principalmente diante de um mundo cercado pela concorrência não apenas de mercado mas também religiosa, onde uma denominação tenta sobressair frente a outra, dentro de uma guerra doutrinal, repassando seu ponto de vista aos fiéis e maldizendo e agredindo as outras simplesmente porque não sabem achar aquilo que toda religião tem em comum o amor...
Uma religião que não sabe fazer aquilo que a denominação da palavra diz que é o religar já começa errado... Lideres religiosos, que põe a religião como verdade absoluta relacionando-as com outras também erra... sobretudo ainda existem aqueles que confundem a Palavra evangelho que tem por etimologia e significado Boa Nova, colocando-a num conceito de evangelização onde o ponto gritante não é levar algo novo como o próprio nome ja o diz, mas sim levar o proselitismo, ou seja vomitar nos ouvidos dos que te escutam o seu egocentrismo e o seu fanatismo...
A poucos dias escutei um absurdo de uma protestante pertencente a Igreja Quadrangular: " quando eu bebia não era eu que estava bebendo." Para quem tem um pouco e consciência percebe tamanho absurdo proferido... Tais protestantes como esse não sabem ao menos reconhecer as atitudes que tomam na vida, e ao invés de admitir as coisas que fazem sendo essas certas ou erradas, não dizem que a fazem, mas dizem que algo, seja esse algo o demônio, ou um espírito ou ainda uma entidade maléfica as levaram a tal opção. Hipocrisiaaaaaaaaaaaa
Cada vez mais as pessoas tiram as responsabilidades sobre suas atitudes das suas costas, e atribuem ao "coitado" do demônio que as vezes nem é o culpado da historia... É muito fácil dizer que o demônio nos fez errar, mas dificilimo dizer que eu sou um ser pensante e que minhas atitudes erradas também vem de mim, o meu verdadeiro demônio sou eu mesmo.
A fome de mundo é de amor como já dizia Madre Teresa de Calcutá, não de religião...
A religião pode ser um veiculo de acesso a Deus mas não o principal, que na verdade é o amor e a solidariedade.
Desde que o dialogo seja feito afim de buscar coisas em comum entre uma religião e outra tudo é muito valido porque pensamos em juntar esforços, mas quando isso é feito para meios de engrandecimento de uma religião e outra é melhor fazer como diz a musica: " ado aaaado Cada uma no seu quadrado".

sábado, 19 de março de 2011

O dia em que a terra parou


Essa noite eu tive um sonho
de sonhador
Maluco que sou, eu sonhei
Com o dia em que a Terra parou
com o dia em que a Terra parou
Foi assim
No dia em que todas as pessoas
Do planeta inteiro
Resolveram que ninguém ia sair de casa
Como que se fosse combinado em todo
o planeta
Naquele dia, ninguém saiu de casa, ninguém
O empregado não saiu pro seu trabalho
Pois sabia que o patrão também não tava lá
Dona de casa não saiu pra comprar pão
Pois sabia que o padeiro também não tava lá
E o guarda não saiu para prender
Pois sabia que o ladrão, também não tava lá
e o ladrão não saiu para roubar
Pois sabia que não ia ter onde gastar
No dia em que a Terra parou (Êêê)
No dia em que a Terra parou (Ôôô)
No dia em que a Terra parou (Ôôô)
No dia em que a Terra parou
E nas Igrejas nem um sino a badalar
Pois sabiam que os fiéis também não tavam lá
E os fiéis não saíram pra rezar
Pois sabiam que o padre também não tava lá
E o aluno não saiu para estudar
Pois sabia o professor também não tava lá
E o professor não saiu pra lecionar
Pois sabia que não tinha mais nada pra ensinar
No dia em que a Terra parou (Ôôôô)
No dia em que a Terra parou (Ôôô)
No dia em que a Terra parou (Uuu)
No dia em que a Terra parou
O comandante não saiu para o quartel
Pois sabia que o soldado também não tava lá
E o soldado não saiu pra ir pra guerra
Pois sabia que o inimigo também não tava lá
E o paciente não saiu pra se tratar
Pois sabia que o doutor também não tava lá
E o doutor não saiu pra medicar
Pois sabia que não tinha mais doença pra curar
No dia em que a Terra parou (Oh Yeeeah)
No dia em que a Terra parou (Foi tudo)
No dia em que a Terra parou (Ôôôô)
No dia em que a Terra parou
Essa noite eu tive um sonho de sonhador
Maluco que sou, acordei
No dia em que a Terra parou (Oh Yeeeah)
No dia em que a Terra parou (Ôôô)
No dia em que a Terra parou (Eu acordei)
No dia em que a Terra parou (Acordei)
No dia em que a Terra parou (Justamente)
No dia em que a Terra parou (Eu não sonhei acordado)
No dia em que a Terra parou (Êêêêêêêêê...)
No dia em que a Terra parou (No dia em que a terra parou)

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Hoje me peguei sonhando com o dia em que a terra parou, assim como Raul Seixas quando em um dado momento da sua vida escreveu essa musica também possa ter pensando como eu...
Então decidi refletir um pouco sobre ela.
Como seria bom que a terra para-se... O mundo tem vivido intensamente, trabalhado a todo vapor, as pessoas já não tem tempo pra si próprias, pra familia, pros amigos, pro lazer. Todo mundo parece que ligou o controle automático e esta deixando a vida e as correrias diárias tomarem conta do seu dia-a-dia.
As guerras, as brigas, os conflitos, as doenças tomaram uma proporção assustadora, são interesses acima de interesses, e tudo vai virando uma bola de neve que cada vez que rola desencadeia um ciclo de ódio que não tem fim. O homem não contente com tudo que criou, que desenvolveu, e também que destruiu, ainda destrói o seu habitat natural o planeta terra, emitindo seus gases tóxicos, liberando seus esgotos imundos, e poluindo nossa atmosfera, fazendo do nosso planeta um lugar cada vez mais inabitável.
Como não pensar num momento de "STOP", e como num a pagão parar tudo, tudo o que não importa e começar a pensar no que realmente vale a pena??
O homem, a natureza, os seres vivos precisam disso, mesmo que isso tudo seja um sonho e um sonho de sonhador, essa deveria ser a luta de todos aqueles que ainda tem ideais, e sonham com um mundo mais humano, pois o homem deixou de ser humano, virou um monstro...
E assim todos mesmo que indiretamente sonho com o dia em que a terra irá parar e que o homem vai começar a repensar tudo que fez e esta fazendo dos nossos dias...
Mas assim como Raul acordou, eu também acordei... justamente no dia em que a terra parou.

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Geração Coca-Cola



Há muito tempo atrás assisti um filme chamado Adeus Lênin, que retrata desde o momento da queda do Muro de Berlin até o exato momento da vitória dos USA sobre a União Soviética na década de noventa, no período também conhecido como caça as bruxas, onde essas duas potências brigavam pela difusão do seu plano econômico pelo mundo.
O enredo do filme mostra uma mulher Alemã muito patriota que por ironia do destino caiu doente e ficou por um bom tempo acamada, a única coisa que exigirá foi uma televisão no seu quarto para que pudesse acompanhar os noticiários e ver que seu país venceria a disputa, como tinha ficado do lado oriental absorveu muito da cultura socialista, e então queria ver a expansão deste plano econômico pelo mundo... Seu filho sabendo do seu quadro e sabendo que o USA tinham a vantagem, começou a se vestir de ancora de TV e pronunciar noticias falsas que gravava em fita cacete e colocava para ela assistir, noticias que pra ela eram agradáveis, pois ele sabia que uma infelicidade para sua mãe naquele estado poderia ser grave, e isso se prolongou por um bom tempo.
Até que um dia quando estava prestes a falecer pediu para ir a janela e olhar para sua cidade, e a primeira coisa que viu, foi um símbolo da Coca-Cola colocado em um prédio enorme, e ai ela se deu conta que quem havia vencido eram os Americanos e que viverá uma grande mentira...
E realmente o primeiro produto de origem capitalista a entrar historicamente na Alemanha oriental após a queda do Muro de Berlin foi a Coca-Cola, um símbolo que até hoje esta nas mesas das pessoas pelo mundo inteiro, marco e símbolo do consumismo, principalmente com suas promoções sensacionais e brindes que faziam a alegria da criançada na década de 90.
Nessa mesma década surgia em alto e bom tom as canções do legião urbana, onde víamos canções como Geração Coca-Cola, que contextualiza nitidamente a cultura dos fast's foods, o avanço da tecnologia, a difusão da internet, dos telefones celulares e também da Coca-Cola.
As crianças dessa época como diz a musica do legião Urbana já cresceram alvos da mídia, do consumismo, da acessibilidade, e comiam Comercial Industrial, essa foi a cultura difundida ao longo do tempo. Nessa ótica vimos crescer principalmente nos USA o índice de obesidade entre adultos e hoje em dia vemos crescer entre as crianças, um aumento das doenças crônico degenerativas que muito tem a ver com os hábitos de vida, as crianças se tornaram sedentárias, e ja crescem adultos propensos a doenças cardíacas, deixamos de ser uma geração saudável para uma geração Coca-Cola, fruto de vícios, de drogas, de excesso de liberdade e que vemos se tornar jovens sem perspectivas...
E a musica ainda nos coloca essa realidade :




"Somos os filhos da revolução
Somos burgueses sem religião
Somos o futuro da nação
Geração Coca-Cola"

Realmente somos frutos das revoluções das diretas que aconteceram aqui no Brasil como exemplo , de grande marcos na historia como II Guerra Mundial e de outros grandes acontecimentos, frutos de uma sociedade que brigava por seus direitos, que brigava contra uma ditadura militar ferrenha principalmente na América Latina, somos frutos de uma sociedade marcada por jovens pensantes que fizeram grandes revoluções, mas hoje nos tornamos uma geração controlada pela mídia, vestimos o que ela nos apresenta, comemos o que nos oferece e somos o que ela quer que sejamos... Para muitos até a religião foi desmerecida e não ocupa um lugar especial na vida das pessoas .

E a musica ainda nos diz:

"Quando nascemos fomos programados
A receber o que vocês
Nos empurraram com os enlatados
Dos U.S.A., de nove as seis."

Só nos falta agora fazer o que o teor da musica da banda Legião Urbana diz nas estrofes que se seguem:

"Vamos fazer nosso dever de casa
E aí então vocês vão ver
Suas crianças derrubando reis
Fazer comédia no cinema com as suas leis..."

A comédia nos cinemas talvez seja a única coisa que tenhamos conseguido em anos, faltam derrubar esses reis que surgiram no decorrer dos anos, e nos fizeram seus súditos e com seus produtos de mercados nos escravizam com o consumismo desenfreado... e ai sim então "Vamos cuspir de volta o lixo em cima de vocês".

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

O Terço


Acho que a grande maioria dos católicos ja fizeram a experiencia do Terço. E confesso, quando mais novo me sentia entendiado... Com o passar do tempo me questionava qual a finalidade de ficar recitando inumeraveis vezes a oração da ave- Marias e do Pai Nosso, e qual a importancia dele para nós...
Por um bom tempo fiquei sem respostas, nunca conseguiram me explicar muito bem qual a sua finalidade, e como não me interessava num praticava e também deixei de procurar saber. Depois de um tempo retomei a curiosidade e comecei a caçar resposta as minhas perguntas...
O primeiro texto que me deixou entusiasmado foi esse :


"Havia uma senhora muito simples, que vendia verduras na vizinhança. Certo dia, Tia Teca, conhecida por toda a vizinhança, foi vender suas verduras na casa de um senhor e lá perdeu o seu Terço. Passados alguns dias, tia Teca voltou àquela casa, e este senhor veio logo zombar dela dizendo: - Você perdeu o seu Deus? Ela respondeu: - Eu? Perder o meu Deus? Nunca. Então ele pegou o Terço e disse: - Não é este o seu Deus? - Graças a Deus, o senhor encontrou o meu Terço. Muito obrigada. - Por que a senhora não troca este cordão com essas sementinhas pela Bíblia? - perguntou ele. E ela humildemente respondeu: - Porque a Bíblia eu não sei ler, não senhor, e, com o Terço, eu medito toda a palavra de Deus e a guardo no meu coração. - Medita a palavra de Deus? Como assim? Poderia me dizer? - Posso sim - respondeu Tia Teca pegando o Terço e disse: - Quando eu pego na cruz, lembro-me que o filho de Deus derramou o Seu Sangue, pregado numa cruz, para salvar a humanidade. Essa primeira conta grossa me lembra que há um só Deus onipotente. Essas três contas pequenas me lembram as três pessoas da Santíssima Trindade: Pai, Filho e Espírito Santo. Esta conta grossa me faz lembrar a oração que o Senhor mesmo nos ensinou, que é o Pai-nosso. O Terço tem cinco mistérios, que me fazem lembrar as cinco chagas do Nosso Senhor Jesus Cristo, cravado na cruz. E cada Mistério tem dez Ave-Maria, que me fazem lembrar os dez mandamentos, que o Senhor mesmo escreveu nas Tábuas de Moisés. O Rosário de Nossa Senhora tem quinze Mistérios, que são: cinco Gozosos, cinco Dolorosos e cinco Gloriosos. De manhã, quando me levanto para iniciar minha luta do dia-a-dia, eu rezo os Mistérios Gozosos, lembrando-me do humilde lar de Maria em Nazaré. Ao meio dia, no meu cansaço e fadiga do trabalho, eu rezo os Mistérios Dolorosos, que me fazem lembrar a dura caminhada de Jesus Cristo para o Calvário. Quando chega o final do dia, com as lutas vencidas, eu rezo os Mistérios Gloriosos, que me fazem lembrar que Jesus venceu a morte para dar a Salvação a toda humanidade. E agora, diga-me: onde está a idolatria? Ele, depois de ouvir tudo isso, disse: - EU NÃO SABIA DISSO. ENSINA-ME, TIA TECA, A REZAR O TERÇO!"

Realmente não sei dizer se é uma história veridica ou não, mas nos da uma boa base do que é vivenciar a experiencias das 50 Ave marias e 5 Pai nossos, dentro de uma espiritualidade simples porém rica de devoção, amor e gratuidade com a facilidade com que esse método proporciona a vivencia do nascimento, vida publica, morte e ressureição de Jesus Cristo.

Num Texto elaborado por Wellington R Costa ele exemplifica e explica como foi os passos dados pela nossa igreja até chegar ao terço que conhecemos hoje.
Vejamos:


"Segundo consta, o rosário teve suas origens na Irlanda, no século IX. Naquela época, os 150 salmos de Davi eram uma das formas mais usadas de oração entre os monges. Os leigos, não sabendo ler, contentavam-se em ouvir a recitação dos Salmos.

Por volta do ano 800, começou a surgir o costume, entre os leigos, de recitarem 150 “Pai-nossos” (texto bíblico). No início os devotos usavam uma bolsa de couro com 150 pedrinhas para contar as vezes que repetiam a oração. Mais tarde começou a ser usado um cordão com 50 pedacinhos de madeira. É a origem do instrumento que chamamos de terço.

Em 1072 São Pedro Damião menciona que já era costume, em sua época, recitar, em forma de diálogo, 50 vezes a saudação angélica (primeira parte da Ave-Maria).

Durante o Sec. XIII apareceu o costume de se recitar 150 louvores a Maria (breves pensamentos lembrando as virtudes e glórias de Nossa Senhora). Neste período aparece a palavra rosarium que significa buquê de rosas.

Por volta de 1365, Henrique Kalkar agrupou as 150 saudações angélicas em dezenas, intercalando um Pai-Nosso em cada grupo de 10 Ave-Marias. Desta data até 1470 foram feitas outras modificações.

A partir de 1470, apareceram os dominicanos como os grandes propagadores desta forma simples de oração. A cada uma 150 Ave-Marias correspondia um pensamento bíblico.

Por volta de 1500, teve origem a xilogravura. Como o analfabetismo continuava a imperar, usava-se reproduzir em madeira as cenas evangélicas para meditação. Usavam-se 15 cenas bíblicas correspondentes a cada dezena de Ave-Marias.

Durante os séculos XVI e XVII generalizou-se o costume de se explicitarem apenas os 15 pensamentos relativos a cada dezena.

Por volta de 1700, São Luiz de Montfort consagrou a forma de se ler um pensamento mais longo, narrando a cena Bíblica e sugerindo atitudes práticas a cada dezena de Ave-Marias. Convencionou-se chamar cada um destes pensamentos de “mistério”. É a forma mais conhecida hoje, o rosário com 15 mistérios. "







E assim ele foi consolidado, formado e gestado no seio das comunidades como um processo historico até chegar ao que conhecemos hoje.

Os mistérios que conhecemos nos permitem interiorizar e refletir sobre toda a vida de Jesus, desde seu nascimento a ressurreição, e trazer para o nosso cotidiano momentos da vida publica e os mistérios de nossa fé de uma maneira muito mais acessivel.
Ao passar pelas dezenas é como percorrer um caminho, contextualizando a prática apostóica de Jesus, e como dizem os mais entendidos fazer uma "hermeneutica" que seria trazer para nossa vida hoje, as lições dadas por Jesus as comunidades cristãs, e vivenciar isso nas nossas paroquias e na vida pessoal, pois esses passos dados pelo verbo encarnado nos revelam todos os dias os Mistérios de Deus.

Surpreendente essa forma de pensar não é?? Embora seja de uma enorme praticidade exige de nós concentração, zelo, e constancia, e principalmente lembrar que ele não é apenas uma oração pessoal mas como toda oração tem sua dimensão pessoal e também comunitaria, onde nossas orações não passam apenas por nós mas também pelos outros, visto que somos todos ligados...
Pode parecer chato de inicio mas com sensibilidade e pratica se torna uma experiencia muito gostosa.
Embora o segredo do Terço esteja na meditação dos mitérios de nossa redenção vividos por Jesus e Maria, e ele vem a ser chamado de momento mariano por muitos, mas não podemos esquecer que em Maria vemos refletir Jesus, sendo ela modelo de Silencio, de fé, de amor, e confiança, mas Jesus é o pilar central de nossa fé.

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Santíssima Mãe de Deus, Sede da Sabedoria



Hoje me senti inspirado para de uma forma muito especial, desfrutar da beleza e do escondido por traz da iconografia da Santíssima Mãe de Deus, Sede da Sabedoria, que é um original grego que remonta ao século XII, e que em muitos lugares do mundo é realizada a sua duplicata como uma forma simbólica e ilustrativa.
Nós Católicos Apostólicos Romanos temos por tradição a utilização de imagens, para remontar a memória de pessoas declaradas oficialmente Santos ou Santas pela nossa igreja, com a finalidade de se fazer memória da vida de um santo em questão e trazer a sua história de vida como um exemplo para a vida da comunidade, utilizando de conceitos de varias artes, incluindo principalmente a arte barroca e a bizantina.
Os católicos Ortodoxos, nossos irmãos separados do seio da nossa igreja desde o momento histórico do "Cisma do Oriente" já utilizam um contraste muito mais oriental, onde as imagens são substituídas por ícones, que por sua vez remontam um conglomerado de histórias e fatos por trás de suas pinturas, assim como um significado simbólico que nos permite não só contemplar uma obra de arte, mas sim estuda-la, nos dando uma maior compreensão sobre a arte em questão.
O símbolo como já devo ter mencionado em outra postagem, é aquilo que serve como ponto entre o visível e o não visível, entre o humano e o mistério, que como tal não tem um significado próprio por ser um mistério, apenas nos abre as portas da contemplação para que de uma forma muito particular remontemos em nós o plano de salvação e de amor que Deus tem pra nós. E assim são os ícones, cheios de símbolos e historias que remontam e se somam para nos levar a contemplação de nossa fé.
O ícone Santíssima Mãe de Deus, Sede da Sabedoria nos da primeiramente a imagem de Maria sentada em um trono com Jesus em seu colo, basicamente essa é a primeira impressão que temos, claro que não é uma visão errônea mas há mais a ser revelado que apenas isso...
Primeiramente podemos ver que os dois personagens tem a pele bem morena, que significa que se expuseram de uma forma grandiosa a luz de Deus, e se deixaram bronzear pela sua graça... Possuem um olhar de tristeza que pode ser interpretado dessa maneira, mas é sobre tudo um olhar misericordioso lançado a quem a analisa, as testas são grandes em sinal de suma sabedoria, os olhos também o são revelando aquele que vê e se deslumbra face a face com Deus, a orelha sempre visível em sinal de pessoas que sempre ouviram e praticaram a palavra de Deus, e a boca pequena que diante dos mistérios de Deus se cala.
Nessa imagem os dois personagens centrais se apresentam sentados em um trono, que em desenhos antigos representam um sinal de realeza, majestade e poderio... Vemos que Jesus está duplamente sentado, pois se apresenta sentado no colo de Maria que também esta sentada em um trono, o que mostra que Jesus é extremamente importante e que Maria é o trono do cordeiro, sede de sabedoria onde se assentou pela encarnação o próprio Deus morando em seu seio virginal.
Maria por sua vez esta sentada em um trono de cor marrom, lembrando a origem e a cor de todo o ser humano o húmus (terra) de onde fomos criados, e que por sua simplicidade deslumbra-se sentada de forma gloriosa...
Notamos que as cores das vestes de Maria são as cores das roupas usadas pelas imperatrizes do império bizantino onde o azul representa a humanidade e o vermelho a divindade. No tempo de Jesus estas cores também tinham um significado muito particular, onde o azul geralmente era impregnado as donzelas virgens, e o vermelho as mulheres casadas. Mas essa em questão demonstra o azul por baixo, por que Maria é humana da descendência de Eva, e o vermelho por cima revela a divindade ao qual ela é recoberta pela encarnação de seu filho.
Neste manto vermelho, podemos notar a presença de três estrelas: uma em cada ombro e ainda uma terceira estrela na testa da Virgem. Elas representam duas tríplices prerrogativas ou privilégios que somente ela possui: Ser Mãe de Deus, esposa de Deus e Filha de Deus e também: Ser virgem antes do parto, durante o parto e após o parto de seu Filho Divino, e ainda a estrela estampada na testa demonstra que Maria é o sinal que aponta para Jesus, visto que se em toda nossa fé cristã Jesus é o Centro então Maria se torna Central, como um espelho que ao olharmos vemos refletir Jesus, por isso Maria nos aponta ou nos guia a Jesus.
A auréola dourada de Maria Representa para nós mais um sinal da glória celeste, um circulo que simboliza o infinito e a eternidade.
O Desenho de Jesus nas cores das vestes em muito se assemelha ao de Maria e então obtém o mesmo significado a não ser pelo manto dourado em seu ombro esquerdo, sinal de sua realeza. Observemos que Jesus possui sua mão direita com Três dedos levantados simbolizando a trindade e os dois fechados a humanidade e a divindade de Cristo que nos abençoa. Em sua mão esquerda vemos o livro, podendo ser o livro da vida, ou a própria boa nova que ele nos vem anunciar visto que é Ele que nos trás uma vida nova, e ainda o livro da lei com o qual vai nos julgar no fim dos Tempos. Vejamos que a mão esquerda se torna secundaria a mão direita, e se posiciona a baixo dela, sinalizando que a Misericórdia de Deus está acima de qualquer julgamento.
E por fim vemos as letras que se posicionam ao lado dos personagens... MP OY ao lado de Maria e IC XC ao lado de Jesus que são de origem grega que significam Mãe de Deus ou (Teotokos) e Jesus Cristo ( O Ungido do Pai).