quinta-feira, 20 de janeiro de 2011
O Terço
Acho que a grande maioria dos católicos ja fizeram a experiencia do Terço. E confesso, quando mais novo me sentia entendiado... Com o passar do tempo me questionava qual a finalidade de ficar recitando inumeraveis vezes a oração da ave- Marias e do Pai Nosso, e qual a importancia dele para nós...
Por um bom tempo fiquei sem respostas, nunca conseguiram me explicar muito bem qual a sua finalidade, e como não me interessava num praticava e também deixei de procurar saber. Depois de um tempo retomei a curiosidade e comecei a caçar resposta as minhas perguntas...
O primeiro texto que me deixou entusiasmado foi esse :
"Havia uma senhora muito simples, que vendia verduras na vizinhança. Certo dia, Tia Teca, conhecida por toda a vizinhança, foi vender suas verduras na casa de um senhor e lá perdeu o seu Terço. Passados alguns dias, tia Teca voltou àquela casa, e este senhor veio logo zombar dela dizendo: - Você perdeu o seu Deus? Ela respondeu: - Eu? Perder o meu Deus? Nunca. Então ele pegou o Terço e disse: - Não é este o seu Deus? - Graças a Deus, o senhor encontrou o meu Terço. Muito obrigada. - Por que a senhora não troca este cordão com essas sementinhas pela Bíblia? - perguntou ele. E ela humildemente respondeu: - Porque a Bíblia eu não sei ler, não senhor, e, com o Terço, eu medito toda a palavra de Deus e a guardo no meu coração. - Medita a palavra de Deus? Como assim? Poderia me dizer? - Posso sim - respondeu Tia Teca pegando o Terço e disse: - Quando eu pego na cruz, lembro-me que o filho de Deus derramou o Seu Sangue, pregado numa cruz, para salvar a humanidade. Essa primeira conta grossa me lembra que há um só Deus onipotente. Essas três contas pequenas me lembram as três pessoas da Santíssima Trindade: Pai, Filho e Espírito Santo. Esta conta grossa me faz lembrar a oração que o Senhor mesmo nos ensinou, que é o Pai-nosso. O Terço tem cinco mistérios, que me fazem lembrar as cinco chagas do Nosso Senhor Jesus Cristo, cravado na cruz. E cada Mistério tem dez Ave-Maria, que me fazem lembrar os dez mandamentos, que o Senhor mesmo escreveu nas Tábuas de Moisés. O Rosário de Nossa Senhora tem quinze Mistérios, que são: cinco Gozosos, cinco Dolorosos e cinco Gloriosos. De manhã, quando me levanto para iniciar minha luta do dia-a-dia, eu rezo os Mistérios Gozosos, lembrando-me do humilde lar de Maria em Nazaré. Ao meio dia, no meu cansaço e fadiga do trabalho, eu rezo os Mistérios Dolorosos, que me fazem lembrar a dura caminhada de Jesus Cristo para o Calvário. Quando chega o final do dia, com as lutas vencidas, eu rezo os Mistérios Gloriosos, que me fazem lembrar que Jesus venceu a morte para dar a Salvação a toda humanidade. E agora, diga-me: onde está a idolatria? Ele, depois de ouvir tudo isso, disse: - EU NÃO SABIA DISSO. ENSINA-ME, TIA TECA, A REZAR O TERÇO!"
Realmente não sei dizer se é uma história veridica ou não, mas nos da uma boa base do que é vivenciar a experiencias das 50 Ave marias e 5 Pai nossos, dentro de uma espiritualidade simples porém rica de devoção, amor e gratuidade com a facilidade com que esse método proporciona a vivencia do nascimento, vida publica, morte e ressureição de Jesus Cristo.
Num Texto elaborado por Wellington R Costa ele exemplifica e explica como foi os passos dados pela nossa igreja até chegar ao terço que conhecemos hoje.
Vejamos:
"Segundo consta, o rosário teve suas origens na Irlanda, no século IX. Naquela época, os 150 salmos de Davi eram uma das formas mais usadas de oração entre os monges. Os leigos, não sabendo ler, contentavam-se em ouvir a recitação dos Salmos.
Por volta do ano 800, começou a surgir o costume, entre os leigos, de recitarem 150 “Pai-nossos” (texto bíblico). No início os devotos usavam uma bolsa de couro com 150 pedrinhas para contar as vezes que repetiam a oração. Mais tarde começou a ser usado um cordão com 50 pedacinhos de madeira. É a origem do instrumento que chamamos de terço.
Em 1072 São Pedro Damião menciona que já era costume, em sua época, recitar, em forma de diálogo, 50 vezes a saudação angélica (primeira parte da Ave-Maria).
Durante o Sec. XIII apareceu o costume de se recitar 150 louvores a Maria (breves pensamentos lembrando as virtudes e glórias de Nossa Senhora). Neste período aparece a palavra rosarium que significa buquê de rosas.
Por volta de 1365, Henrique Kalkar agrupou as 150 saudações angélicas em dezenas, intercalando um Pai-Nosso em cada grupo de 10 Ave-Marias. Desta data até 1470 foram feitas outras modificações.
A partir de 1470, apareceram os dominicanos como os grandes propagadores desta forma simples de oração. A cada uma 150 Ave-Marias correspondia um pensamento bíblico.
Por volta de 1500, teve origem a xilogravura. Como o analfabetismo continuava a imperar, usava-se reproduzir em madeira as cenas evangélicas para meditação. Usavam-se 15 cenas bíblicas correspondentes a cada dezena de Ave-Marias.
Durante os séculos XVI e XVII generalizou-se o costume de se explicitarem apenas os 15 pensamentos relativos a cada dezena.
Por volta de 1700, São Luiz de Montfort consagrou a forma de se ler um pensamento mais longo, narrando a cena Bíblica e sugerindo atitudes práticas a cada dezena de Ave-Marias. Convencionou-se chamar cada um destes pensamentos de “mistério”. É a forma mais conhecida hoje, o rosário com 15 mistérios. "
E assim ele foi consolidado, formado e gestado no seio das comunidades como um processo historico até chegar ao que conhecemos hoje.
Os mistérios que conhecemos nos permitem interiorizar e refletir sobre toda a vida de Jesus, desde seu nascimento a ressurreição, e trazer para o nosso cotidiano momentos da vida publica e os mistérios de nossa fé de uma maneira muito mais acessivel.
Ao passar pelas dezenas é como percorrer um caminho, contextualizando a prática apostóica de Jesus, e como dizem os mais entendidos fazer uma "hermeneutica" que seria trazer para nossa vida hoje, as lições dadas por Jesus as comunidades cristãs, e vivenciar isso nas nossas paroquias e na vida pessoal, pois esses passos dados pelo verbo encarnado nos revelam todos os dias os Mistérios de Deus.
Surpreendente essa forma de pensar não é?? Embora seja de uma enorme praticidade exige de nós concentração, zelo, e constancia, e principalmente lembrar que ele não é apenas uma oração pessoal mas como toda oração tem sua dimensão pessoal e também comunitaria, onde nossas orações não passam apenas por nós mas também pelos outros, visto que somos todos ligados...
Pode parecer chato de inicio mas com sensibilidade e pratica se torna uma experiencia muito gostosa.
Embora o segredo do Terço esteja na meditação dos mitérios de nossa redenção vividos por Jesus e Maria, e ele vem a ser chamado de momento mariano por muitos, mas não podemos esquecer que em Maria vemos refletir Jesus, sendo ela modelo de Silencio, de fé, de amor, e confiança, mas Jesus é o pilar central de nossa fé.
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